quinta-feira, 11 de março de 2010

Pesquisa para roteiro de longa sobre Mamonas Assassinas dá origem a documentário

Fonte: O Globo http://bit.ly/9WyQlk


SÃO PAULO - Em apenas dez meses de carreira, os Mamonas Assassinas viraram um fenômeno de popularidade sem precedentes na música brasileira. O sucesso surpreendeu até Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel Reoli e Sérgio Reoli, os integrantes da banda de rock mais irreverente do Brasil. Uma tragédia interrompeu prematuramente a carreira do grupo: na noite de 2 de março de 1996 o jatinho que levava todos os Mamonas de volta a Guarulhos após show em Brasília chocou-se com a Serra da Cantareira. Pouco mais de 14 anos depois do trágico desfecho desta história, o cineasta Claudio Kahns apresenta ao público o documentário "Mamonas para sempre", recheado de material inédito e fiel à alegria do grupo.

- É um documentário sobre música e vida. O acidente só é mencionado. O que me chamou a atenção foi a trajetória, não a tragédia. A história de um grupo de meninos ralando na periferia, querendo acontecer, fazer sucesso. Eles tinha muito talento, não era uma coisa fabricada, artificial - diz Claudio Kahns, que dirigiu "O sonho não acabou" (1980) e produziu "A marvada carne" (1984), de André Klotzel.

O plano original de Claudio era fazer um longa-metragem de ficção sobre os Mamonas Assassinas. Mas ao longo do processo de pesquisa para o roteiro, o diretor começou a enxergar no material um documentário. Claudio não tem mais certeza sobre a realização do longa de ficção e conta que o roteiro do filme está sendo retrabalhado para virar, quem sabe, uma série de TV.

- O documentário surgiu por acaso, porque nosso projeto original era fazer um longa de ficção. Para fazer esse filme começamos a entrevistar pessoas ligadas aos Mamonas, amigos, familiares, pessoas que trabalharam com eles. Resolvi que íamos filmar essas entrevistas da forma mais simples possível para ter o registro. Quando comecei a ver esse material, achei fantástico. Começamos a buscar material de arquivo, encontramos muitas filmagens feitas pelo próprio grupo, registro de shows, bastidores e de participações em programas de TV - explica Claudio, que apresentará o documentário ao público pela primeira vez dia 18, em um festival em São Paulo.

Enquanto nascia um documentário, Claudio Kahns se apaixonava pelos Mamonas. O diretor, que confessa não ter se entusiasmado no primeiro momento com a ideia de fazer um filme sobre o grupo, acabou seduzido pela coerência da trajetória dos garotos de Guarulhos.

- Eles passaram muitos anos tentando se afirmar como músicos de rock. As músicas que eles gravavam de brincadeira para consumo próprio acabaram chamando a atenção do dono do estúdio, Rick Bonadio. Era completamente diferente do estilo de rock que eles tocavam. Mas o que eles faziam de brincadeira estourou. Eu não era fã dos Mamonas, mas ao conhecer a forma como eles cresceram e chegaram lá, fiquei fã. Eles mantiveram a integridade - avalia Kahns.

O carinho que o cineasta desenvolveu pelos Mamonas aparece no documentário, que é fiel ao clima de humor e irreverência que imortalizou o grupo.

- Me surpreendeu a quantidade de material filmado por eles. Uma boa surpresa foi conseguir, por acaso, acesso aos originais. Eu já estava finalizando o filme com cópias de má qualidade em VHS, antes de descobrir todas as fitas originais na casa do pai de Samuel Reoli e Sérgio Reoli - conta o documentarista, que completa - É um filme divertido, amoroso com eles, que mostra a trajetória do Mamonas de forma divertida.

"Mamonas para sempre" será exibido pela primeira em 18 de março, às 19h30, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, na sessão de abertura da segunda edição do festival In-Edit Brasil 2010, que reúne cerca de 70 documentários musicais de todo o mundo e acontece até 28 de março. O mesmo festival fará uma temporada no Rio de Janeiro, de 2 a 8 de abril, em local a ser definido. ( confira a programação completa e todos os filmes que serão apresentados no In-Edit Brasil ). O documentário sobre os Mamonas participa da mostra competitiva do festival. Mas o filme será lançado em circuito comercial em junho, segundo Claudio. A ideia é estrear em todo o Brasil com pelo menos 50 cópias.

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