quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mamonas Assassinas voltam em documentário e série de TV

A trajetória do grupo musical Mamonas Assassinas, interrompida tragicamente, no auge da fama, com a morte de todos os seus cinco integrantes em um acidente aéreo, em 1996, poderá ser vista ainda este ano nos cinemas no documentário dirigido por Claudio Kahns. Exibido em festivais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, “Mamonas Pra Sempre” está pronto para chegar ao grande público (a previsão de estreia é em agosto deste ano).


Quase 15 anos após o acidente, o documentário encontrará os fãs dos Mamonas já maduros e, possivelmente, pais de família. A banda, que teve uma vida artística de apenas sete meses de duração, era sucesso absoluto entre as crianças e adolescentes, principalmente por causa de suas letras irreverentes e maliciosas. Os tempos mudaram, novos gêneros musicais caíram no gosto do público, mas o espaço que os Mamonas deixaram continua vago. Talvez por isso não tenham caído no esquecimento. “Fizemos uma sessão no festival de cinema de Tiradentes, em praça pública, com a presença de mais de mil pessoas, que ficaram até o fim da projeção”, afirma o diretor.


O revival dos Mamonas, formado por Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli, vai além do documentário e faz parte de um projeto mais amplo do diretor, que inclui um filme de ficção e uma minissérie para TV. “Inicialmente pensava em fazer um filme de ficção. Para isso, Luna Alkalay e Dagomir Marquezi começaram a fazer entrevistas com pessoas próximas aos músicos para levantar as histórias. Resolvi filmar essas entrevistas e percebi que dispunha de material muito interessante para um documentário”, explica Kahns.

As famílias dos músicos participaram ativamente, abrindo as portas, gavetas e liberando imagens inéditas, como filmes gravados nos shows e material doméstico. A boa qualidade das imagens deve-se, inclusive, a uma caixa original contendo fitas em bom estado de conservação que estavam com uma das famílias. “Nós encontramos esse material casualmente na casa do pai do Sérgio e do Samuel. Essas fitas tinham sido usadas para outras cópias que não estavam com boa qualidade. Tivemos muito trabalho para transcrevê-las no formato beta, mas valeu a pena”, afirma.

Uma das estratégias de lançamento do filme será a distribuição de 20 filmetes com até 40 segundos de duração para serem baixados e vistos em aparelhos celulares. São cenas inéditas, na maioria caseiras, que não estão no documentário e ajudarão a aumentar a curiosidade do público.

Khans não acredita que, quase 15 anos após a morte dos integrantes do grupo, tenha diminuído o interesse pelo seu trabalho. “Às vezes, quanto mais o tempo passa, mais o assunto fica interessante, como é o caso dos Mamonas”.

O diretor ficou entusiasmado com o resultado obtido, mas lamenta que os filmes brasileiros, principalmente os documentários, não consigam atingir um público maior. “Sinto uma resistência das distribuidoras em lançar filmes nacionais. Há documentários lindos, mas que pouca gente vê. É necessário discutir outras formas para colocar esses filmes nos cinemas. Os modelos de exibição têm de ser repensados”, afirma.

Uma das saídas, segundo Kahns, poderia ser a aprovação de um projeto, que se encontra em tramitação no Congresso Nacional e que torna obrigatória a exibição de filmes brasileiros em escolas. “Temos uma quantidade enorme de filmes que poderiam ter um público ainda maior. São obras sobre pessoas relevantes da História do Brasil nos mais diferentes campos”.

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